Mais um dia se passou. Deitei depois de alguns minutos, por vezes
horas, olhando fixamente o teto, ou o celular. Mais uma noite, enfim, passou.
Consegui fechar meus olhos e cai no sono, de repente assim, quando achava que já não
ia conseguir, dormi. Um dia e uma noite se passaram, e eu consegui.
Consegui chegar ao fim de mais um dia, ali deitada, esperando subitamente cair
no sono de novo, esperando meu abrir dos olhos ao amanhecer, pra que me sentisse
aliviada. Aliviada por não ter seguido meus instintos, talvez devaneios,
já não sei. Foram dias após dias, até perceber que fazia parte de mim. Sim. Instintos, devaneios, sentimentos. Não
se tira sentimento como se tira uma roupa. Assim poderia ser, ao me
despir todos os dias, tira-lo de mim, nem que fosse por alguns instantes,
fico imaginando como me sentiria. E tudo bem, eu continuo imaginando apenas, poderia ser pior, quem sabe. Sempre fui adepta dos instintos, por mais irracionais que fossem, mas um hora a gente cansa, e percebe que ser racional às vezes não é de todo ruim. Não foi por falta de tentar tirar de mim, não, tentar com forças mesmo, eu tentei; e continuava
ali, em meio a tantos pensamentos esparsos, entre tantos gritos internos, ainda
era aquele nome que ecoava mais alto. Acho que é simples, meio injusto, mas simples; tem pessoas que resolvem fazer morada
dentro de nós, sem prazo determinado, sem nosso consentimento. Percebi que se a
gente não pode mudar como eles se comportam dentro de nós é mais fácil fazer
uma boa morada, ao invés de insistir incansavelmente em mudar seus hábitos.
Tenho tentado dançar conforme a música, pra variar, e “me fazer casa de sentimentos bons”, mesmo
que alguns insistam tanto em machucar. Tem coisas que não depende de nós pra mudar, então a gente deveria aceitar, não é certo nos perturbar. Queria às vezes fazer tudo errado de novo, mesmo sabendo qual o fim da história, lutar contra todos esse motivos racionais que fazem eu me comportar, mas no fim, eu só respiro fundo mesmo, e
espero mais um dia se passar.