quarta-feira, 14 de julho de 2010

Meias Palavras

Já virou rotina... Não é de agora que sou conhecida sempre como a errada, a mau criada, a rebelde sem causa, mesmo nem sendo todas essas coisas, juro que não, mas é assim que me rotulam. O pior é que não é a maioria das pessoas, não são as pessoas de fora, essas me acham normal, discreta e meiga. São as que mais deveriam me conhecer que dizem que sou assim, que sou errada, que me engano quase sempre com as minhas emoções. Tudo bem que não sou fácil de lidar, mas assumir a culpa de tudo também não é fácil pra ninguém, e eu acredito em mim, acredito no que sinto e no que me faz ir até o fim de uma discussão, acredito porque não sou de me validar em meias palavras. Eu gosto da verdade inteira, assim como as palavras inteiras, gosto de que saiam da minha alma, esvaziem meu coração, saiam saltitando inconsequentes por mais que não estejam no melhor momento de sair, eu gosto de não guardar elas e deixar que me machuquem com o remorço de não poder tê-las dito. Isso me dói muito, as pessoas preferem meias palavras, pessoas burocráticas e que se valem de posturas omissas, essas são as educadas, as certas e as gentis. Mas é tão fácil ser assim, é tão fácil se omitir de falar, deixar que pensem, deixar que falem, sem se preocupar com o que ficou subentendido, é fácil não estar sempre tomando as rédeas de uma discussão, é muito fácil não assumir seus verdadeiros sentimentos, evitar de ser julgado. O difícil mesmo é dar a cara pra bater, levar um tapa e dar a outra face, sem medo, com a única e expressa vontade de assumir sua posição e seus ideias, mas ao mesmo tempo, sem arrogância, querer discutir pra se chegar a um ponto comum, que possa causar um bem comum. Eu acho que nada que é bom para todos se resolve com a única e exclusiva vontade de uma pessoa, todas as pessoas devem se manifestar pra conseguir o que querem, são as vontades conjuntas que encaminham a uma vontade maior, e consequentemente a um bem maior. Pode ser que hoje em dia as pessoas já não valorizem mais quem se expressa de verdade, quem é sincero com si mesmo, as pessoas não valorizam quem prefere a sua verdade e luta por ela até o fim, elas querem pessoas manipuláveis, fáceis de lidar, que não querem discutir, expor o que sentem. Infelizmente eu vivo me questionando por falarem tanto de como eu sempre to errada, mas se eu for diferente vou estar me traindo, e acho que não vale a pena só pelo o que os outros acham, por mais que achem que me conhecem, com certeza não me conhecem mais do que eu mesma, e por incrível que pareça, sei que erro, sei que não estou sempre certa, mas quero que me provem, que me mostrem o porque estou errada. Afinal, todo mundo é inocente até que se prove o contrário, e já que errar é humano, e errar também é viver, a única coisa que posso fazer é sair cantando por ai aquela música do Kid Abelha, “Sou errada, sou errante. Sempre na estrada, sempre distante, vou errando enquanto o tempo me deixar...” E pelo jeito vou continuar levando a culpa, até que sintam falta de sinceridade, e ai possam me procurar, e ver que minha falta de educação, minha rebeldia, e minha insensatez, são erros válidos quando se quer lidar com pessoas reais, que mostram seus sentimentos reais, e que fazem por merecer ter sangue correndo nas veias, e que ao contrário das omissas, fazem você sentir o que sempre quis através de atitudes e palavras inteiras, com vontade de ser feitas e ditas, já que você, como qualquer outro, está acostumado com a indiferença das meias palavras que a maioria das pessoas insistem em usar.



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